Rock in Rio, John Mayer e mais...


Antes de falar do foco principal desta resenha, tenho uma curiosidade sobre como a música influencia a nossa mente. Cheguei no Rio de Janeiro, e antes de ir até o flat tive que passar na praia ainda de jeans e mochila nas costas. Após ver a paisagem automaticamente me vem na cabeça a música“O Rio de Janeiro, Continua lindo...” (Gilberto Gil).

Tudo que eu tentar falar aqui sobre a grandeza do festival vai soar redundante. Você tem certeza de que o Rock In Rio é o maior festival de música do mundo quando um cara de peso como James Hetfield diz que “se sente anestesiado por estar no palco do evento”, mas venho aqui para compartilhar a minha experiência “musiqueira”.
Por conselho de um taxista utilizei o ônibus do festival para chegar até lá. Ele te deixava dentro da Cidade do Rock, e assim, simplifica muito o transtorno de andar por lugares desconhecidos e acabar em “Nárnia” por acidente. Chegando lá precisei ir até a bilheteria para retirar meu ingresso comprado pela internet e a primeira surpresa se deu antes mesmo dos portões abrirem. Um músico contratado só para tocar na bilheteria, tocava violão, gaita e fazia a percussão com o pé, mandando um som Folk “a lá” Bob Dylan.

Os portões se abrem e a primeira coisa que você admira é o tamanho e a beleza do Palco Mundo. Para alegria da geral, estavam jogando água pra cima (igual aquelas cenas de filme, quando estoura um hidrante). Sem pensar duas vezes entrei na “chuva”,pois o calor do Rio estava denso. Como disse, o Palco Mundo parecia ter um imã que me atraia para perto e precisei me aproximar antes de fazer qualquer outra coisa na cidade do rock.


A segunda grande surpresa musical foi quando entrei na “Rock Street”. Lá além de todas as ativações de marca, mágicos, cartunistas, estátuas humanas e restaurantes, tinha um palco e a “Rock Street Big Band” já fritando no improviso com o repertorio inteiro de músicas do Beatles arranjadas para o Jazz. Após ficar por uns 40 minutos curtindo esse show, decidi aproveitar o lado “Hopi Hari” do festival e fui para os brinquedos, e o que mais me surpreendeu foi a vista impressionante que eu tive de todo o local de cima da Roda Gigante e do Elevador.

Infelizmente no dia em que fui ao festival as atrações do Palco Sunset não me chamavam muita atenção, mas mesmo assim dei um pulo por lá para conferir o mestre Pepeu Gomes e Moraes Moreira tocando os clássicos dos Novos Bahianos.

Antes de falar das atrações principais quero citar alguns pontos sobre a organização do evento, por exemplo, para comer você encontrava uma boa variedade e preços semelhantes ao de uma praça de alimentação, o que é um ponto positivo a se observar dentro de um festival. Falando das bebidas, você encontrava água, refrigerante e chopp sendo vendidos pelo evento ou nos restaurantes, destaque para o caminhão com tonéis de Heineken que vendiam as bebidas por um menor preço. Em relação às famosas “necessidades biológicas” você encontrava conforto nos banheiros, que por felicidade não eram químicos e tinham até sabonete liquido, sem filas e com bebedouros próximos.

Após conhecer a Cidade do Rock inteira, mais para o final da tarde, resolvi me aproximar do palco mundo e esperar pelos shows das bandas Skank, Phillip Phillips, John Mayer e Bruce Springsteen.



O sol se põe e a multidão já está a postos esperando o inicio dos shows no Palco Mundo, e pontualmente as 18:30, se inicia a queima de fogos de abertura. O Rock In Rio não é só um festival com shows das maiores bandas de música do mundo, é um mega evento, e estar ali no momento da abertura com a plateia inteira cantando, os fogos e a trilha épica ao fundo, é de se emocionar.

Surge a voz de Emicida, que começa a rimar a introdução do show e em seguida Skank entra no palco. Os dois fazem a primeira música juntos, misturando o clássico Rock/Rap. Samuel Rosa conduz muito bem o inicio do festival e emocionado diz que “após tantos anos de banda não tem como se acostumar com o tamanho do RIR”. Diz querer fazer algo diferente do show de 2011 e relembra clássicos como “Te ver”, “Jackie Tequila”e na metade do show surge Nando Reis, uma outra figura importantíssima para o rock nacional para cantar o clássico “Resposta”. Resumindo o show do Skank, é pura diversão, dança, e a platéia cantando a plenos pulmões todos os hits.

Aproximadamente 20 minutos depois do show do Skank, Phillip Phillips entra no palco e é recebido com muito fervor. Acredito que ele nunca tinha presenciado algo do tipo antes, sua expressão era de espanto e satisfação. Percebi que a platéia não sabia bem o que esperar do show dele pois a maioria ali não conhecia a fundo seu trabalho, mas foi a cozinha começar a “groovear” que a galera já se sentiu em casa e entrou na dança também. Dou o destaque para o cover de Let’s Get It On do Marvin Gaye, que foi tocada após 10 minutos de improviso na maior vibe. No resumo de show Phillip Phillips com certeza angariou muitos fãs.

Chega o momento mais esperado da noite. John Mayer não era o headliner, mas poderia tranquilamente ser. Todo mundo a minha volta estava lá para ver ele e comigo também não era diferente. Já me sentia infinitamente satisfeito e querendo mais após ver o show em São Paulo, mas quando ele entrou no palco soou como se fosse a primeira vez. Assim como em SP, o show se iniciou com “No Such Thing”, primeira música do disco Room For Squares (2001), e daí em diante mesclou com maestria músicas do seu mais novo trabalho Paradise Valley (2013) e clássicos como “Slow Dancing In A Burning Room” do Continuum (2006). Mayer tem alguma fórmula mágica onde consegue equilibrar sabiamente o seu lado guitarrista de blues, com solos e jams sessions e o seu lado cantor popstar romântico que faz as garotas chorarem.


Com pouco tempo para pela primeira vez tocar para uma legião de fãs cariocas, paulistas, mineiros, brasileiros no geral, John deu a chance da platéia escolher entre duas músicas a serem tocadas. A galera tinha duas opções,“Stop This Train” ou “Vultures”, e é claro que o grito das garotas histéricas ganhou e foi tocada a primeira opção. Com pouco mais de 1 hora de show, a lendária guitarra “Black One” entra no palco. Para a minha tristeza, sabia que seria a ultima música e o auge do show. “Gravity”, na minha opinião é a musica mais expressiva da carreira de John e a que ele mais gosta de tocar, pois ela já teve inúmeros arranjos e versões ao vivo. No fim ele escolheu debulhar a guitarra chegando quase a maltratar ela, jogando no chão, se jogando em cima e solando sem parar. Toda e cada nota foi tocada com expressão máxima e para mim, esse solo final é a maneira dele de dizer “obrigado por compartilharem comigo essa noite”.

A essa altura do festival eu já não queria saber de mais nada. Estava anestesiado com a apresentação do meu músico preferido, porém sabia que viria um “showzaço” pela frente, o grande Bruce Springsteen, considerado pela revista Rolling Stone o melhor show da atualidade. Com a minha turma cansada de ficar em pé lá na frente fomos um pouco mais para trás e literalmente deitei na grama para esperar o inicio do show.

Bruce entrou no palco alucinado e como já era de se esperar devido ao show de São Paulo, levantou a multidão cantando “Socidade Alternativa” de Raul Seixas em português. Deu para notar que tinham muitas pessoas que estavam ali só para ver ele também, até porque ele é uma lenda do rock com seus 64 anos fazendo um show animadíssimo com 3 horas de duração. Infelizmente eu não conhecia muito do seu repertório, mas após esse show com certeza irei pesquisar e procurar conhecer melhor a sua carreira. Springsteen estava lá para satisfazer seus fãs, ele toca um sucesso atrás do outro, corre de um lado para o outro, e a todo momento interage com a galera. Chegou até a levar uns 6 fãs para dançar no palco o seu clássico “Dance In The Dark”. O momento mais emocionante dessa aula de como fazer um mega show, foi um garoto de uns 12 anos na grade cantando música a música. Com certeza Bruce notou o garoto e deu o seu microfone à ele, que cantou enquanto a banda quebrava tudo. Fica a certeza de que Bruce Springsteen é o maior showman da atualidade. Foi quando ao som de “Twist And Shout” dos Beatles o Rock In Rio faz os seus fogos de encerramento, a banda se recolhe, o palco apaga e Bruce volta para cantar a última música apenas com seu violão e gaita.


Musiqueiros que não tiveram a oportunidade de aparecer neste ano, preparem-se para conhecer o Rock In Rio em 2015. Eu com meus 21 anos de idade e já com uma certa experiência em shows, fiquei emocionado com a grandeza e a magia que o RIR pode te proporcionar ali dentro da Cidade do Rock.



2 comentários:

  1. Gosto muito quando pessoas assim elogiam sabiamente John Mayer.. Fãs de verdade sabem expor toda a emoção do cantor! Amei..

    Ah, e fiquei pertinho do sósia do John e na parte que ele comentou: "com solos e jams sessions e o seu lado cantor popstar romântico que faz as garotas chorarem", realmente, garotas choraram *-*

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  2. Cara, o show de John foi e-xa-ta-men-te o que você descreveu. Gravity é minha favorita de longe dele, como eu disse agora há pouco, Gravity, por incrível que pareça, não me apaixona pela sua letra, mas pelo sentimento expresso em cada acorde e solo de guitarra cuidadosamente criados por John. AMO AMO AMO Gravity desde a primeira vez que ouvi. Pra mim, é a música que fala mais pela melodia, pela guitarra, que pela letra. A melodia vem de dentro da alma de John e nos mostra um cara num momento hiper frágil, mas que vê algo melhor pra ele mais à frente. AMO Gravity. AMO John. AMO John Mayer!

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