Resenha: Festival João Rock 2013

Aconteceu antes de ontem em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), a 12ª edição do festival João Rock, que reúne grandes nomes do Pop/Rock Nacional. Foram 14 atrações divididas em 3 palcos, reunindo mais de 25 mil pessoas. E como será que o festival se saiu neste ano?

Primeiramente, Ribeirão Preto é uma famosa cidade universitária, que possui mais de 50 mil estudantes que moram por lá. Isto é importante para um festival no interior de São Paulo manter sua força por 12 edições.
O festival é muito elogiado por artistas por abrir as portas para bandas novas e pela qualidade na estrutura oferecida. 

O festival é marcado por encontros de artistas de bandas diferentes, que sempre se juntam para apresentar alguma surpresa, uma jam especial. E tudo isto começou com o Herbet Vianna (Paralamas do Sucesso) e Dinho Ouro Preto (Capital Inicial) na segunda edição do evento em 2003. E desde então virou tradição alguns artistas se reunirem e preparem uma canção de forma exclusiva para o festival, tudo na arte do improviso, no calor do momento.

A edição deste ano começou com o show de uma banda independente que venceu o concurso que sempre é realizado pelo festival, abrindo portas para novas bandas. A banda vencedora foi a Venosa e mostrou em um curto tempo uma apresentação interessante para um público ainda que pequeno.

 A festa começou pra valer com um bom show do Nando Reis, que vem fazendo apresentações um tanto quanto questionáveis nos últimos tempos. Os Infernais, banda que acompanha o Nando, é ótima. Porém as forças vocais dele e as últimas canções mostram um certo esgotamento emocional e físico do músico. Famoso por sua arte em compor belíssimas canções, Nando vem deixando a desejar nos últimos trabalhos, pecando pela repetição, excesso de sentimentalismo e mesmice.
O João Rock tem o sistema "No Stop", nada mais que um palco ao lado do outro, assim evitando longos intervalos para troca dos instrumentos de cada banda. E desta forma, o Skank entrou no palco logo em seguida e mostrou que continua sendo uma das principais bandas de Pop/Rock do país. Animados, carismáticos, e com diversos hits, a banda fez um dos melhores shows do festival.
Em seguida, Capital Inicial entrou no palco e fez o mesmo show seguro e sem surpresas de sempre. Apesar do último álbum da banda ser bastante inovador e com ótimas canções, são os sucessos antigos que ainda embalam e animam o público. Não consigo ser fã do Capital Inicial, mas admiro a energia que conseguem ter ao vivo. O problema com a banda é o setlist, que há anos é praticamente o mesmo. 

O festival não aposta apenas em Pop/Rock, sempre há bandas relevantes no cenário musical, não fugindo tanto de uma certa qualidade que o festival prega, pra não virar um "misturadão" de bandas e gêneros. Ano passado, Criolo e Monobloco estavam no line-up destoando do gênero predominante. Fizeram ótimos shows e este ano tivemos novas apostas da produção do evento, Natiruts e ConeCrew Diretoria

Natiruts entrou no palco com bastante respeito do público presente. A banda possui alguns hits, que foram aparecer somente na segunda metade da apresentação. A primeira parte foi um tanto fria com canções que ninguém conhecia. Mas a banda deixou uma boa apresentação no final, com hits cantados a exaustão. Acho interessante o espaço dado para outras sonoridades, mas talvez o horário escolhido não tenha sido o melhor.

Em seguida, A Banca tinha a responsabilidade de mostrar para o Brasil todo o que virou o antigo Charlie Brown Jr. Com intuito de ser uma homenagem ao Chorão, o Champignon tinha a missão de se mostrar um ótimo front-man. Eu acho duro julga-los depois desta reformulação, ainda é um tanto quanto cedo. Mas o show é emocionante por ter uma geração de jovens que começaram a ouvir Rock e foram influenciados pelo CBJR, mas peca pelo excesso.

A banda instrumentalmente continua ótima, mesmo com a saída do Champignon do baixo. E a escolha dos vocais soa um tanto quanto errada. O maior problema está em querer repetir todos os "Hey Ho" ditos por Chorão. Soa um tanto quanto estranho essa homenagem se for vista com olhar mais crítico. Mas do ponto de vista emocional, é um ótimo show poder revisitar certas canções que marcaram o Rock Nacional.
ConeCrew Diretoria foi a escolha do João Rock deste ano, depois do sucesso de 2012 com o Criolo. Porém, foi a pior escolha. Criolo possui uma banda que o acompanha, suas músicas são fantásticas, e misturam um Mpb, Hip-Hop e Reggae, tem uma essência única e diferente do habitual. Já Cone Crew Diretoria são letras de protestos que não agradam qualquer público e isso foi um tanto quanto questionável. O excesso de críticas e ofensas soltadas no palco fez com que o próprio público desaprovasse a banda. Um erro, infelizmente.

O Rappa tinha a missão de encerrar a maratona do festival, e fez com grande estilo. A banda mostrou força com os jovens presentes e também porque foi a escolha do ano passado do Lollapalooza Chicago como atração. Até as músicas mais antigas, parecem novas. E a mistura de estilos e instrumentos fazem o show ao vivo ter uma sonoridade única. Falcão parecia muito animado e feliz de ter as 25 mil pessoas nas mãos a cada canção.
O palco Universitário do evento teve apresentações das bandas Planta e Raiz, Aláfia ,Lurdez da Luz, Canastra, Autoramas e Detonautas, que infelizmente não pude acompanhar.

Resumindo, o João Rock mostra que pode crescer ainda mais, e precisa tomar cuidado nas escolhas de bandas, pensando em um gosto mais popular e que agrade toda a geração de jovens saudosistas que estão por ali. Vale a experiência de um dia visitar o João Rock, um festival gostoso de se curtir. 
Uma pena termos poucos festivais como este, aqui no Brasil.
 

2 comentários:

  1. Obrigado por não citarem a Cone.
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    Pelo simples fato de eles terem DESTRUIDO uma música do Jimi Handrix. Isso não se faz.
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    Fora isso o texto está muito bem conciso, parabéns.
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    Vitor Hugo Fernandes, o dono do http://heavycast.com.br aquela bosta engraçada.

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