Resenha: Show Pat Metheny - Ibirapuera - SP - 09/06

Salve-se quem puder!

Aqui quem vos fala sou eu, Bruno Hiago, que sendo guitarrista desde os 11 anos de idade não poderia ter perdido esse grande show do mestre “guitarreiro” Sr.Metheny, e muito menos deixado de compartilhar com vocês essa experiência. Para começar esta resenha, eu não poderia ter escolhido melhor título, pois quando o improviso começa é literalmente isso que acontece, um “salve-se quem puder”. Os “musiqueiros” que já participaram de uma boa Jam, sabem do que estou falando.

Falando do mestre, Pat começou sua carreira aos 8 anos de idade tocando trompete por mais incrível que isso pareça. Aos 12 anos migrou para a guitarra, e aos 15 já tocava com as melhores bandas de Jazz do Kansas, sua cidade natal. O grande marco na carreira dele foi em 1976, quando foi lançado o disco “Bright Size Life” em parceria com Jaco Pastorius que é um baixista pra deixar todo guitarrista com inveja, (outra hora falamos dele). Outro ponto que vale ressaltar foi o seu destaque no estilo “Fusion”, que consiste em misturar o Jazz Moderno ao Rock e o Clássico, onde Pat soube utilizar não só de seu conhecimento como guitarrista mas se aliou a tecnologia para a criação de novos instrumentos e sons. Um exemplo disso é a guitarra Pikasso, que é um misto de violão, harpa e cítara com 42 cordas.
O show foi realizado por intermédio do BMW Jazz Festival, que aconteceu pelo seu terceiro ano consecutivo nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com shows fechados e uma das atrações se apresentando no Parque do Ibirapuera ao ar livre. Me senti em um clima bem “Woodstock”, pois estávamos todos sentados na grama e detalhe para as pessoas que montaram piqueniques com direito a taças de vinho e queijo para não perder a finesse do Jazz. Perto das 17:30 com um leve atraso, Pat Metheny entra no palco acompanhado da sua “capela sistina”, a Pikasso onde faz a introdução do show sozinho. A Unity Band já entra no ápice do solo de Pat e o “salve-se quem puder” começa. É nítida a concentração dos músicos para sentir e desenvolver a dinâmica das músicas a partir de cada nota tocada, e os níveis de empolgação de Pat traduzidos nos seus “pulinhos” e caretas após finalizar as frases. As luzes do palco mudavam de tons azulados a tons vermelhos de acordo com o caminho que a música tomava, a concentração também vinha do público que fazia silêncio e aplaudia ao final de cada improviso.
 
O set-list foi baseado no último disco lançado pela banda que faturou um Grammy recentemente, mas não deixaram de lado os temas mais famosos como James e a grande surpresa de tocar Insensatez do nosso Maestro Tom Jobim. Um sinal do lado Fusion e tecnológico do guitarrista foi a orquestra mecânica que é chamada de “Orchestrion” e foi desenvolvida pela LEMUR (Liga de Robôs Urbanos Musicais Eletrônicos) com sons já gravados, que eram disparados criando uma ambiência de como se estivéssemos viajando no espaço.O que mais me chamou atenção foi o final do show, quando Metheny se apresentou em duos com cada músico da banda. Começando pelo saxofonista Chris Potter, depois o baixista Bem Williams, e por fim o baterista Antonio Sanchez que acompanha Pat há anos. Com quase 90 minutos de show sem sequer ter falado uma única palavra, é quando o líder resolve apresentar sua banda, e anuncia que irão fazer a última. Agradece finalmente o público com o clássico “obrriririgado” americanizado.

 
Depois de ver e ouvir tudo isso, a conclusão que chego é a de que precisamos ouvir muita música e estudar muito mais para conseguir compreender a genialidade e musicalidade de Pat Metheny. Mas é pra isso que estamos aqui musiqueiros, para aprendermos juntos sobre essa grande arte dos sons.

E a minha bolachada pra quem nunca ouviu nada dele é que procurem o clássico álbum The Way Up de 2005. Uma salva de palmas para os organizadores do BMW Jazz festival por nos dar a oportunidade de apreciar o bom e velho Jazz, das mãos de quem realmente sabe fazer.

Tenham uma boa vida!

2 comentários:

  1. Pô, o cara é gênio demais!
    E não sabia que quem tocou baixo no primeiro álbum foi apenas Jaco Pastorius, demais.
    Aliás, estou ouvindo agora o primeiro álbum, logo em seguida o indicado pelo Brunão!

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    1. Cara, o The Way Up, é um dos meus álbuns favoritos do Pat Metheny, ao lado de Bright Size Life! Procura sim que vale a pena! O cara é um gênio.

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